quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Tripé Econômico

1) Meta de inflação fixada pelo Congresso Nacional e perseguida pelo Banco Central;
2) Gestão orçamentária austera, a fim de manter sob o controle o tamanho da dívida pública;
3) Preço do dólar variável, com referência no mercado;

Rentistas: Caçadores de renda no meio politico (Delfim Neto)

Desde tempos imemoriais sabe-se que grupos sociais com interesses comuns tendem a associar-se para, através do governo, extrair rendas imerecidas que geram ineficiência produtiva e têm seus custos diluídos por toda a sociedade. A diferença específica que as caracteriza é que elas não são obtidas nos mercados (onde há uma contrapartida do trabalho para obtê-las), mas no universo político, em troca de votos. Desde meados dos anos 60 os economistas têm dedicado muita atenção a tal fenômeno. Em 1974 foi batizado como "caçada à renda", por Anne Krueger.
Os "caçadores de renda" vivem comodamente entre nós sem serem percebidos. São os que obtêm: 1) proteção tarifária exagerada; 2) benefícios fiscais duvidosos; 3) empréstimos a taxas de juros negativas; 4) privilégios corporativos como servidores públicos dos três Poderes e das poderosas empresas estatais; 5) regulamentação duvidosa que finge proteger o consumidor, mas protege, de fato, o prestador de serviços; 6) contratos de concessão através de corrupção; 7) estranhos benefícios como os de "organizações não governamentais" ligadas a partidos políticos e financiadas pelo governo; 8) renda protegida pela correção monetária automática etc. A lista já é longa, mas longe de ser exaustiva.
É preciso dizer que os beneficiários dos programas civilizatórios de combate à miséria e à desigualdade, que sempre podem ser aperfeiçoados, não se enquadram nessa categoria.
Pois bem, uma das hipóteses de causalidade mais fortes para explicar a queda do interesse dos governos de engajarem-se seriamente em reformas estruturais, sem as quais não há desenvolvimento econômico no longo prazo, é que elas têm um custo elevado no curto prazo para os "caçadores de renda" bem sucedidos que conseguem apropriar-se de renda indevida graças à proteção do poder incumbente.
A hipótese causal é plausível. Por um lado, os benefícios das reformas estruturais se fazem sentir ao longo de alguns anos --talvez maior do que um mandato--, são difusos e não conseguem cooptar uma massa crítica para realizá-los. Por outro, os prejuízos para os "caçadores de renda" são concentrados e eles podem facilmente mobilizar, para defendê-los, as forças políticas que elegeram. É por isso que para enfrentá-los é preciso uma liderança firme que exponha com coragem os "caçadores de renda" e acorde a sociedade para os efeitos dessa extração que de forma quase invisível consome indevidamente os recursos para o seu desenvolvimento.
Não se trata, como alguns ingênuos acreditam, de grande batalha "ideológica", mas de comezinho interesse material: apropriar-se de recursos que a sociedade desavisada lhes transferiu sem perceber!

Fonte: Folha, 23.10.2013

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Bolhas existem o tempo todo, diz Nobel de Economia Economista dos EUA especializado em coletar e mensurar dados recomenda desconfiança do mercado financeiro

Robert Shiller, professor da Universidade Yale, foi informado na semana passada de que receberia o Prêmio Nobel de Economia, com Lars Peter Hansen e Eugene Fama, da Universidade de Chicago.
O comitê do Nobel o descreveu como fundador do campo das finanças comportamentais e inovador no uso da psicologia em economia, citando suas análises pioneiras sobre bolhas nos mercados de ações e imóveis.
Na última quarta, Shiller, parte do grupo de economistas que escrevem a coluna "Economic View" no "New York Times", me ligou do aeroporto, onde embarcava para uma palestra no banco central holandês. Eis uma versão editada da conversa.
Pergunta - Esse negócio de Nobel é muito difícil.
Robert Shiller - Verdade. Mas é maravilhoso. Agora estarei mais envolvido com o ensino. Vou preparar um curso on-line para a Coursera em janeiro, chamado "Mercados Financeiros", e fui informado de que 50 mil pessoas já se inscreveram. Também vou lecionar introdução à economia para os calouros de Yale. Falar com estudantes ajuda a nos reconduzir à realidade.
Você foi um dos criadores dos índices Case-Shiller, que medem preços de imóveis, e da "razão P/L de Shiller" --uma forma de utilizar dados sobre preços e lucros para determinar se o mercado de ações está supervalorizado. Você colabora com a Fundação Cowles de Pesquisa Econômica, que trabalha muito com a coleta de dados. Por que mensurações são importantes?
Nosso fundador, Alfred Cowles, era um gestor de investimentos que se tornou cético. A administração de fundos era uma profissão que envolvia muita falsidade --pessoas diziam ser capazes de obter retornos superiores à média sem na verdade o ser.
Ele suspeitava que seus colegas em Wall Street estivessem mentindo e não tivessem capacidade de prever o mercado. Queria dispor de pesquisas econômicas verdadeiras. E coletava dados.
Tenho essa mesma natureza desde criança.
Com Richard Thaler, da Universidade de Chicago, você foi uma das pessoas que introduziu a psicologia na teoria dos mercados. Como isso ocorreu?
Eu me casei com uma psicóloga [Virginia Shiller, instrutora clínica no Centro de Estudo da Criança em Yale], o que certamente influenciou. Também descobri que existiam certas lacunas na teoria do mercado eficiente, que era a ortodoxia no mundo das finanças, e elas não faziam nenhum sentido.
Como a "exuberância irracional", título de um de seus livros, afeta o mercado de ações e como ela se enquadra à teoria do mercado eficiente?
Essa teoria é uma meia verdade. Não é fácil ganhar muito dinheiro muito rápido, e você pode passar anos perdendo mesmo que seja muito inteligente. Onde a teoria erra é em afirmar que você deve presumir que não há interesse em tentar superar o mercado, ou que a política econômica deveria ser orientada sob a suposição de que não existem bolhas.
Portanto, bolhas existem.
Sim, o tempo todo. A maior parte das ações no mercado de capitais, em termos agregados, consiste de bolhas. Isso não se aplica a ações individuais, mas se aplica ao mercado como um todo.
Você já escreveu muito sobre bolhas no mercado imobiliário, como a que conduziu à crise financeira da qual ainda nos recuperamos. Você constatou que os preços de imóveis em geral se movem mais devagar que os das ações. Por quê?
O mercado imobiliário, em geral, é de amadores; não é fácil para as pessoas agirem rapidamente. Mas os profissionais estão chegando, e isso pode mudar.
Leia a íntegra em

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Problemas da economia não são difíceis de resolver

Solução passa por maior diálogo entre governo e setor privado para agilizar investimento, afirma executivo
MORRIS KACHANIDE SÃO PAULO
A capa da revista "Economist", com o título "Será que o Brasil estragou tudo?", não precisa necessariamente ser levada a ferro e fogo. As condições econômicas podem ser menos favoráveis, mas a solução passa por maior agilidade do governo para captar investimentos privados.
A afirmação é do executivo Fabio Barbosa, 59, que desde 2011 preside o Grupo Abril e também comandou Febraban (2007) e Santander (2007-10), além do ABN-Amro.
Desde 2011, preside o Grupo Abril e há três meses sucedeu FHC no comando da Fundação Osesp, organização social que mantém contrato com o governo do Estado para gestão da orquestra sinfônica e da Sala São Paulo.
O propósito da entrevista a seguir era falar sobre os desafios da Osesp. Após meia hora, a conversa enveredou pela economia brasileira, as perspectivas dos grandes grupos de mídia e o momento atual da editora Abril.
Osesp
Os horizontes se abriram, na medida em que a orquestra se tornou mais respeitada. O desafio agora é definir quais são os objetivos daqui em diante. Isso passa pela qualidade da orquestra, valorização do músico, e disseminação da cultura. A Osesp não deve ser popularizada --no sentido de abrir mão de sua excelência-- nem elitizada.
Contexto econômico
O Brasil opera em condições menos favoráveis que nos primeiros anos deste século. Os preços das commodities e as relações de troca se deterioram, refletindo na balança comercial e na própria correção cambial.
Há décadas convivemos com um problema de baixo investimento, dada a limitada capacidade de investimento do Estado. Agora o governo está se abrindo para concessões no setor privado em infraestrutura, que é justamente o maior gargalo.
Vejo com clareza uma situação de tentativa e erro, para se descobrir qual o modelo que vai funcionar. Os leilões e as concessões mais recentes mostram que o governo ainda busca equilíbrio entre a proposta de atrair capital privado sem onerar demasiadamente o usuário da infraestrutura.
Crescimento e inflação
A economia cresceu, incorporando um contingente importante de novos consumidores, o que nos leva a esse gargalo. O Brasil tem problemas, mas que não são tão difíceis de resolver. O tema central é a produtividade, pois estamos vivendo o chamado bônus demográfico --nem tantos aposentados e nem tantos jovens. Portanto seria o momento certo para o país crescer e enriquecer, antes de envelhecer. Daí o incômodo com o crescimento baixo.
Atuação do governo
O governo identificou a necessidade de trazer o setor privado para investir. Mas ainda não houve um entendimento sobre as condições aceitáveis para que saia o investimento. Essa compreensão está atrasando e é um diálogo fundamental. O governo precisa do setor privado, e o setor privado precisa de condições adequadas.
Mídia
A tecnologia mudou mas o conceito continua o mesmo. O papel da mídia enquanto instituição de informação e credibilidade continua inalterado. Agora, chegar ao leitor é algo que mudou, e temos que nos preparar para estar onde ele quiser, com a plataforma e linguagem adequada.
Fim do papel?
O problema não é de circulação ou aceitação das marcas. Acredito que o papel sempre vai existir porque tem leitores que querem. Mas este que é o ponto, recentemente ouvi de um editor que nossa responsabilidade agora é de sermos agnósticos com relação à plataforma [expressão originalmente cunhada pelo publisher do jornal "New York Times", Arthur Sulzberger Jr.]. Não importa se é papel, tablet ou móvel. O que importa é que existe gente interessada em se comunicar com a marca.
Editora Abril
Estamos exatamente neste ponto, de buscar o digital como forma de se conectar com a sociedade.
Identificamos grande aceitação de nossos produtos, mas a forma através da qual esse produto chega ao leitor ou anunciante tem que ser atualizada.
Leia íntegra da entrevista com Fabio Barbosa


Fonte: Folha, 03.10.2013

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

The Economist - Founded in 1843


Políticas de controle ( FEC's)

1) Política Fiscal: controle dos gastos públicos. Ex. Seguridade Social
2) Política Econômica: controle da inflação. Ex. metas
3) Política Cambial: controle da balança comercial. Ex. déficits