terça-feira, 30 de setembro de 2014

Crise de confiança nas elites

Por NEIL IRWIN

Um plebiscito destinado a transformar a Escócia em um país independente e acabar com o Reino Unido tal qual o conhecemos fracassou, mas teria tido sucesso caso apenas 5% dos votos mudassem de lado.
Um partido de direita e anti-imigração obteve na Suécia a mais expressiva votação da sua história em uma eleição.
E, nos Estados Unidos, novos dados do Censo mostram que as famílias de classe média ganharam 8% a menos no ano passado (descontada a inflação) do que em 2007. O que essas histórias têm em comum é o seguinte: elas revelam uma crise de confiança na elite global.
Há um acordo implícito nas democracias modernas: tudo bem que os ricos e poderosos desfrutem de jatos particulares e casas extraordinariamente caras, desde que o resto da população também tenha um aumento consistente do seu padrão de vida.
Mas só a primeira parte do trato vem sendo cumprida, e os eleitores estão expressando sua frustração de maneiras que variam de acordo com o país, mas que têm em comum a sensação de que a ordem estabelecida não lhes serve.
Isso ficou evidente nas votações da Escócia e da Suécia, nos resultados expressivos dos partidos de extrema-esquerda e extrema-direita nas eleições deste ano para o Parlamento Europeu, na ascensão do Tea Party nos Estados Unidos e na instabilidade política que levou o Japão a ter seis primeiros-ministros desde 2007.
Em grau mais detalhado, as queixas escocesas contra a classe dominante inglesa são quase diametralmente opostas às do Tea Party ou dos direitistas suecos. Os escoceses querem um aumento dos gastos sociais, ao invés da sua redução, e seu movimento têm um forte traço ambiental antinuclear.
Mas sempre existem pessoas que divergem dos rumos da política em seu país. A razão de ser de um Estado é ter um aparato que canalize preferências díspares para um conjunto sensato de opções políticas.
O que diferencia o momento atual é que o descontentamento com a conjuntura é tão elevado que chega a colocar em xeque a tolerância em relação às instituições governamentais tais quais existem hoje.
Desde a crise financeira, os Estados Unidos vêm registrando um crescimento mais intenso do que o Reino Unido, o Japão e a Europa continental, e sua economia é 6,7% maior do que era no final de 2007.
Mas os trabalhadores americanos não estão se beneficiando. O Departamento do Censo informou recentemente que a renda familiar média ajustada pela inflação foi de US$ 51.939 (R$ 123.615) em 2013, um aumento de apenas US$ 180 em relação 2012, e ainda 8% abaixo dos níveis de 2007.
O pico de renda de 2007 já era ligeiramente inferior ao pico de 1999. Em outras palavras, uma família americana de classe média está hoje pior do que há 15 anos. A discussão sobre a economia em geral se concentra em coisas como a geração de empregos e o crescimento do produto interno bruto (PIB). Mas ninguém se alimenta de PIB.
A cada pleito, os EUA parecem em condições de viver uma onda eleitoral que faça um dos partidos obter um avanço importante.
Pode parecer contraditório o fato de Obama e os parlamentares democratas terem sido eleitos com uma votação esmagadora em 2008, mas que em 2010 tenha ocorrido uma guinada em favor do Tea Party. No entanto, é isso que se pode esperar num mundo onde a política tradicional oferece resultados medíocres.
No Reino Unido, o governo trabalhista liderado por um primeiro-ministro escocês (Gordon Brown), com um ministro das Finanças também oriundo dessa região (Alistair Darling), estimulou o predomínio das finanças na economia britânica, ensejando o surgimento de grandes bancos globais numa Londres cada vez mais cosmopolita como o centro da estratégia econômica.
Mas em 2008 os bancos quase quebraram e tiveram de ser socorridos, e a economia nunca mais foi a mesma. Esse fracasso levou a um governo de coalizão, em 2010, que está ainda menos alinhado com as políticas dos escoceses, impondo a austeridade enquanto eles preferem ampliar a rede de bem-estar social.
Mas talvez seja na Europa continental que as consequências das trapalhadas das elites sejam mais prejudiciais e perigosas.
Décadas de avanço rumo a um continente unido, liderado pela centro-direita e pela centro-esquerda, criaram uma Europa Ocidental onde existem uma moeda e um banco central únicos.
Mas essa autoridade não contava com a união política, fiscal e bancária que permitiria diminuir desequilíbrios entre os países sem o benefício das flutuações.
Quando tudo veio à tona, os líderes já estavam tão alarmados com os deficits orçamentários que reagiram cortando gastos e aumentando impostos.
Assim, os desequilíbrios acumulados por anos a fio na Europa se refletem em níveis astronômicos de desemprego e em reduções salariais em países como Espanha e Grécia. Mesmo as economias do norte da Europa, Alemanha incluída, têm crescimento baixo ou nulo.
Apesar de a Grande Depressão da década de 1930 ter trazido no início uma contração mais acentuada da atividade econômica, a economia europeia está, seis anos após a crise de 2008, pior do que num momento comparável da década de 1930.
Nas eleições europeias de maio, partidos de extrema-direita e extrema-esquerda obtiveram grandes avanços. Todo o esforço do pós-Segunda Guerra Mundial para construir uma Europa unida incluirá agora partidos que usam imagens nazistas e outros que se consideram comunistas.
O site Huffington Post pode, sem ser acusado de exagero, publicar uma lista intitulada "Os nove mais assustadores partidos de ultradireita atualmente no Parlamento Europeu". Algo deu errado no projeto do continente.
Os detalhes sobre os erros governamentais diferem, assim como dos movimentos que cresceram como forma de protesto. Mas eles são um lembrete de que o poder não é um direito, e sim uma responsabilidade.
E, por mais entrincheiradas que nossas instituições governamentais pareçam estar, elas repousam sobre uma premissa pétrea: a de que os líderes irão cumprir o que prometem. NYT, 30.09.2014.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Emprego 50: Um número muito evitado na França

Por LIZ ALDERMAN

ÉGUILLES, França - O montanhista francês Philippe Plantier estava descendo um rochedo há mais de uma década quando teve um momento de inspiração: ele poderia transformar sua paixão por escaladas em um negócio.
Abriu uma pequena empresa na Provença, no sudeste da França, que atua em estruturas industriais, com montanhistas fazendo pintura e outras tarefas em rapel.
Plantier decididamente não se intimida com alturas, porém se recusa a ultrapassar o número 49. Quando seu quadro de funcionários chegou a esse limite, ele não contratou mais ninguém.
Empregar a 50° pessoa implicaria se enredar em quase 30 regras trabalhistas francesas que levariam a um aumento de cerca de 4% nos custos de sua empresa, a Travaux Grande Hauteur.
Segundo Plantier, isso poderia fazer a diferença entre ganhar e perder dinheiro. Em vez de expandir a empresa, ele montou mais duas com menos de 50 pessoas. Para economistas, as regras para empresas com mais de 50 funcionários são um dos motivos para que a taxa de desemprego na França seja o dobro da registrada na vizinha Alemanha.
Quando ultrapassam o limiar, as companhias são obrigadas a ter um conselho de trabalhadores com sindicalistas, um comitê de saúde e um dissídio coletivo anual.
Com a estagnação da economia, o presidente François Hollande tentou estimular a geração de empregos reduzindo o Código de Trabalho, a fim de facilitar demissões nas empresas e reduções de salários e carga horária em períodos de queda na produção.
Neste verão, ele também propôs banir ou suspender por um tempo as obrigações para quem tem mais de 50 funcionários.
No entanto, como Hollande tem a pior avaliação de todos os tempos, ele corre o risco de entrar em conflito com membros de seu Partido Socialista e com poderosas organizações trabalhistas.
Proponentes do limiar do 50° funcionário afirmam que isso visa proteger os próprios trabalhadores e garantir sua participação na gestão das empresas.
Por sua vez, empregadores dizem que as exigências também prejudicam os negócios. Um estudo feito pela London School of Economics em 2012 mostrou que o custo das regras adicionais era equivalente a cerca de 5% a 10% de aumento salarial. "Isso é um grande obstáculo para o crescimento", concluiu o estudo.
A meia hora de carro ao norte de Éguilles, Tanguy Roelandts, fundador da fábrica de chocolates Puyricard, enfrentou esses desafios quando seu negócio começou a florescer, há dez anos.
Segundo ele, a fábrica era como uma família e as vendas anuais chegavam a cerca de € 10 milhões (R$ 30 milhões).
Mas após ele contratar o 50° funcionário "os resultados pioraram", pois isso onerou em cerca de € 32 mil (R$ 97 mil) os custos operacionais anuais da Puyricard, e Roelandts foi obrigado a dedicar metade de seu tempo para questões administrativas e a burocracia estatal francesa.
O maior problema foi quando Roelandts criou o conselho de trabalhadores. Embora nenhum de seus funcionários fosse sindicalizado, disse Roelandts, sindicatos procuraram os trabalhadores da Puyricard para filiá-los. "Subitamente nos vimos em uma discussão brutal e o tom do diálogo mudou bastante", recorda.
"Na França, o patrão tem a imagem de malfeitor e, se for exitoso, é porque explora os trabalhadores", comentou Plantier.
A ausência de um conselho liderado por um sindicato poderia evitar tensão em uma empresa na qual ele trabalhou estreitamente com os funcionários durante anos. Além disso, diz ele, é difícil administrar empresas separadas, em vez de ter todos os funcionários em uma única folha de pagamento.
"Os empregados pedem para contratar mais funcionários, então eu explico que não é possível", disse Plantier. "Eles aceitam, mas dizem que é vergonhoso." NYT, 23.09.14

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O ajuste ANTONIO DELFIM NETTO


A economia brasileira encontra-se numa situação desagradável, mas longe de estar à beira do apocalipse. Se, entretanto, insistirmos em não enfrentar os seus desequilíbrios, os cavaleiros podem nos visitar...
Na inflação --a despeito de alguns controles-- continuamos a namorar com o limite superior da banda de tolerância, que fingimos ser a "meta". A "boa notícia" é que a distância entre a taxa de inflação registrada nos preços "administrados" e nos preços "livres", que era menor do que 10% no final de 2011 e chegou a mais de 150% em 2013, foi reduzida e se encontra ao redor de 40%.
Na área fiscal a situação em 2014 piorou visivelmente, em parte porque o crescimento do PIB murchou. O deficit fiscal/PIB aproxima-se de 4%. A promessa de superávit primário de 1,9% do PIB, arrancado a fórceps no sufoco da ameaça da perda de rating pela agência S&P, tornou-se irrelevante e a dívida bruta/PIB aparenta um viés de crescimento.
A situação é delicada, mas perfeitamente reversível --sem custos exorbitantes-- com um programa monetário e fiscal coerente e transparente, capaz de dar previsibilidade às políticas públicas e tranquilizar o "espírito animal" assustado por intervenções pontuais bem intencionadas, mas erráticas. Irreversível é o crescimento perdido que vai nos acompanhar pelo resto do tempo.
Onde o ajuste será mais complexo é na política cambial. Voltamos a cometer o erro que nos tem perseguido há décadas: o uso da taxa de câmbio como coadjuvante do controle da inflação como substituto das políticas monetária e fiscal, cada vez que somos premiados com uma melhoria nas "relações de troca", ou seja, cada vez que os preços de nossas exportações crescem mais rapidamente do que os das nossas importações.
Não pode haver dúvida sobre as causas de um fato: não foi apenas a valorização cambial, mas foi principalmente a valorização cambial sistemática, prolongada, previsível, sustentada pelas maiores taxas de juros reais do universo, que destruiu o sofisticado setor manufatureiro nacional. De 2011 a 2014, o deficit comercial do setor manufatureiro foi da ordem de US$ 199 bilhões. É por isso que a indústria, que encolheu cerca de 1,5% ao ano entre julho de 2011/2014, foi a principal causa da murcha do PIB para 1,76% ao ano.
Já devíamos ter aprendido que é tudo inútil. Os especuladores sabem que a desvalorização é uma questão de tempo. Não há outra saída para a recuperação do equilíbrio a não ser a lenta e mais custosa política da "desinflação competitiva", como provaram todos os países que a experimentaram. Folha, 10.09.2014.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Análise: Tripé da economia precisa de uma reforma


BRÁULIO BORGES - DE ESPECIAL PARA A FOLHA - 02/09/2014  01h30


Diante dos resultados econômicos ruins nos últimos anos, tem sido cada vez mais frequente o clamor por um "resgate" do chamado tripé de política macroeconômica, introduzido em 1999 e consubstanciado no sistema de metas de inflação, no regime de câmbio flutuante e em uma política fiscal compatível com a sustentabilidade da dívida pública.
"Resgate", porque esse tripé teria sido excessivamente flexibilizado nos últimos anos -a inflação ficou sistematicamente mais perto do teto do que do centro da meta, o câmbio não seria mais flutuante e a política fiscal perdeu grande parte de sua credibilidade, em meio a manobras contábeis cada vez mais frequentes e nebulosas.
O pedido por um resgate parte do pressuposto de que o sistema de metas de inflação -em sua acepção mais "puro-sangue"- já entregou, no passado, resultados econômicos bem melhores.
Diante disso, é mandatório olhar para os números: a tabela acima apresenta a evolução de alguns agregados macroeconômicos segmentados em três grandes períodos.
De cara, chama a atenção o fato de que, no período de 16 anos compreendido entre 1999 e 2014, a inflação medida pelo IPCA foi igual ou inferior ao centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional em apenas 4 (ou 25% do total).
Mesmo em sua "época de ouro" (2004 a 2008), o regime de metas de inflação brasileiro só foi exitoso em 2 dos 5 anos e a inflação média anual nesse período foi 0,7 ponto percentual superior ao centro médio da meta.
Editoria de Arte
A tabela apresentada acima escancara o principal fator que permitiu esse maior êxito (apenas relativo) do sistema de metas em 2004-2008: a valorização cambial de cerca de 40% observada no acumulado desse período.
Tivesse o R$/US$ ficado estável entre o final de 2003 e o final de 2008, a alta média anual do IPCA em 2004-2008 teria sido de cerca de 6% -mesmo patamar de alta média anual que teria mostrado em 2009-2014 caso o R$/US$ não tivesse se depreciado em quase 25% no período (sobretudo de 2012 em diante).
Ou ainda: tivesse o R$/US$ se valorizado em outros 40% entre 2009 e 2014, o IPCA médio anual nesse período teria ficado próximo de 5% anuais (e não em 5,8%).
Quando o assunto é crescimento do PIB, a comparação entre as taxas de expansão do produto global e brasileiro entre esses três períodos deixa clara que a influência direta e indireta do ciclo econômico global foi muito importante para explicar o forte crescimento da economia brasileira em 2004-2008 comparativamente a 1999-2003 e a 2009-2014.
O crescimento mais forte de nossa economia em 2004-2008 só não gerou aceleração da inflação ante 1999-2003 por causa da valorização cambial e da reversão dos resultados da conta-corrente brasileira (de um superavit de quase 1% do PIB em 2003 para um deficit próximo a 2% do produto em 2008).
Feitas essas constatações, a questão que se coloca é se realmente faz sentido demandar um mero resgate ou se não seria mais pertinente falar em uma reforma do arcabouço de política monetária -até mesmo porque, desde 2007/2008, têm sido cada vez mais frequentes as críticas de vários economistas (no mercado e na academia) ao sistema de metas de inflação.
Uma proposta recente bem fundamentada teoricamente, apresentada pelos economistas Jeffrey Frankel e Pranjul Bhandari, chamou-me a atenção. Eles apontam que as economias emergentes deveriam considerar a adoção de metas de crescimento nominal para o PIB.
Segundo eles, essa meta alternativa tem claras vantagens comparativamente à meta de inflação, dentre as quais se destacam: 1) menor risco de descumprimento da meta (e de perda de credibilidade da política monetária), já que a variação do PIB nominal combina duas variáveis (crescimento real do PIB e inflação) que podem caminhar em sentidos opostos diante de choques; e 2) maior maleabilidade para absorver choques de oferta e de mudanças de termos de troca (fenômenos bem mais frequentes em economias emergentes do que nas centrais), reduzindo o espaço para reações pró-cíclicas.
Nesse contexto, a definição de uma meta de crescimento nominal do PIB me parece ser um aprimoramento de política econômica mais interessante do que um mero "resgate"...
BRÁULIO BORGES é economista-chefe da LCA Consultores 

ANTONIO DELFIM NETTO

Invexp

"Caiu a ficha". É agora geral o reconhecimento que a causa fundamental da progressiva redução da taxa de crescimento do PIB foi a pouca atenção dada à cuidadosa destruição da capacidade competitiva da indústria manufatureira nacional, consequência do uso da taxa de câmbio como instrumento de controle da inflação em substituição às políticas fiscal e monetária.
Entre 2002 e 2007, depois da correção da supervalorização cambial de 1999, o saldo das exportações de manufaturados, que havia sido negativo em US$ 25,3 bilhões entre 1996-98, transformou-se no superávit de US$ 138,8 bilhões, o que aumentou a demanda de manufaturados brasileiros no mesmo valor.
Em 2007, a taxa nominal de câmbio, que andara em torno de 2,30 R$/US$ nos dois anos anteriores, cai para 1,95 R$/US$ (uma valorização de 15%, com uma inflação de 6%) e, a partir daí, com uma política cambial errática, reduziu-se a 1,67 R$/US$ em 2011 (com uma inflação acumulada de 25%!).
O resultado dessa aventura foi o deficit acumulado do saldo comercial dos manufaturados de US$ 236,0 bilhões entre 2008 e 2014. Em poucas palavras: de 2002 a 2014, a supervalorização "roubou" nada menos do que US$ 370 bilhões de demanda interna e externa da indústria nacional.
Em 2009, no auge da crise mundial, a taxa de câmbio se desvalorizou 9%, para valorizar-se 14% em 2010-11 e voltar a desvalorizar-se lentamente de 2012 até hoje, com a taxa de 2,30 R$/US$. Notemos que é a mesma taxa de 2005/06, enquanto a inflação total no período foi de 69,2%!
É agora evidente o que sempre deveria ter sido. Num processo de desenvolvimento econômico saudável há uma cointegração entre os três setores: agricultura, indústria e serviços. Depois da grave crise de 2009, nossa recuperação foi rápida, o problema é que dado às circunstâncias anteriores, a produção industrial estagnou, reduzindo os investimentos no setor e o crescimento do PIB.
O desconforto causado pela baixa performance da indústria não é a única causa da murcha do crescimento.
A falta de previsibilidade produzida por intervenções bem intencionadas, particularmente no comportamento do câmbio, que é o preço relativo mais importante da economia, foi devastadora. Mais importantes foram as dificuldades de comunicação entre o governo e o setor empresarial, dominada por preconceitos recíprocos que reduziram o nível do investimento privado.
A combinação da redução da demanda da indústria (ocupada pela importação subsidiada) com a redução dos investimentos privados foi mortal para o crescimento do PIB. Não vamos voltar a crescer sem enfrentar com disposição e inteligência esses dois obstáculos. Folha, 03.09.2014.